O encontro foi pensado e feito da juventude para a juventude, a partir de movimentos populares e pastorais – com ênfase ao trabalho das Pastorais da Juventude. Iniciamos no domingo, com os corações cheios de vida e alegria, uma oração inspirada na criação de Deus: sua natureza é tão bela, fecunda e renovadora, mas é também tão frágil e pode ser destruída pelo homem ao faltar amor às coisas do Pai. A realidade vivida no Acampamento foi a do cuidado, da alegria, do amor e dos compromissos com a natureza e com os irmãos. Desde os alimentos orgânicos, a separação do lixo e a reutilização de descartáveis aos abraços, músicas, danças e oração, vivemos como queremos e sonhamos a Civilização do Amor, por toda a Terra. Diferente da proposta do atual sistema neoliberal.
Na segunda-feira, desde as seis e meia da manhã, interagimos com a natureza e celebramos a grande obra do Pai. Contemplamos a importância histórica da Romaria da Terra, dedicada não apenas para agradecer, como também denunciar, como jovens, as injustiças que nos angustiam. Entendemos a proposta do tema desta Romaria: “Terra, Vida e Cidadania”. Aprofundando, à tarde, cada uma dessas temáticas em oficinas, para apontarmos quais males nos afligem e o que devemos anunciar. Discussões sobre teologia da terra, agricultura familiar, sustentabilidade, economia solidária, justiça sócio ambiental e a juventude rural na temática da Terra; consumo consciente, soberania alimentar, projeto de vida, mobilidade humana e ética do cuidado foram as oficinas sobre a Vida; e juventude e o mundo do trabalho, políticas públicas de juventude, juventude e violência, reciclagem e o feminino da terra levaram à discussão de Cidadania.
Após as discussões nos pequenos grupos, partilhamos com todos os jovens do Acampamento e agora com os Romeiros da Terra. Nossas poucas luzes de anúncios perto do número de denúncias, infelizmente dificultam a visão do Reino dos Céus entre nós. Porém, não desanimamos nessa luta, glorifiquemos o que o homem tem feito, eis que a nossa juventude gaúcha anuncia:
“Anunciamos que o ser humano É TERRA, ESTÁ NA TERRA e como todo ser vivo DEPENDE DA TERRA!”
“Anunciamos a agricultura familiar, ecológica e alimentar!”
“Anunciamos a legitimidade da desobediência civil quando pautada no valor central da vida!”
“Anunciamos a reciclagem, a economia solidária, os projetos alternativos, o cooperativismo e a maior participação da mulher na produção!”
“Anunciamos a Campanha das Pastorais da Juventude do Brasil contra a Violência e o Extermínio de jovens!”
“Anunciamos que a terra é criatura divina, é sagrada e pertence somente a Deus!”
“Denunciamos a resistência ao debate sobre protagonismo juvenil nos espaços eclesiais, sociais e familiar!”
“Denunciamos os pensamentos que mantém as opressões e desigualdades de gênero, raça e etnia!”
“Denunciamos a exploração do capitalismo, do sistema neoliberal, sustentado pelo lucro, pelo individualismo e causador das crises que matam os desfavorecidos!”
“Denunciamos a falta de cuidado com o dom da vida e a omissão política diante desses fatos!”
“Denunciamos os agrotóxicos que matam a saúde da terra e do homem!”
“Denunciamos o agronegócio que faz da terra de Deus uma mercadoria!”
“Denunciamos o êxodo rural forçado pela sociedade que somente visa o lucro e não o bem-viver!”
“Denunciamos o desmatamento frenético e que simboliza a morte de nossos ecossistemas!”
“Denunciamos a falta da Reforma Agrária!”
“Denunciamos o consumismo, a valorização do ter, e não do ser e a manipulação da mídia para sustentar o sistema!”
“DENUNCIAMOS A MORTE DA JUVENTUDE!”
“Denunciamos o mal que fizemos à terra e a nós mesmos, ESTAMOS MATANDO QUEM NOS SUSTENTA!”
“DENUNCIAMOS A OPRESSÃO AO POVO DE DEUS!”
“DENUNCIAMOS A AGONIA DO PLANETA!”
Irmãos e irmãs, nós jovens saímos da Romaria da Terra incomodados e provocados a construir o Reino de Deus. A Mãe-Terra nos dá a vida, a Mãe-Terra hoje agoniza! Não nos calemos diante disso! Clamemos ao nosso Deus que luta conosco, pelos nossos direitos e pela sua criação!
Nenhum comentário:
Postar um comentário