Em janeiro, Pâmela Grassi, da PJ da Diocese de Caxias do Sul, fez uma entrevista com Pe. Marcionei, que foi o vencedor da três poesias mais votadas no Festival de Música e Poesia da PJ "A Cor da Juventude!"
Abaixo, colocamos alguns trechos desta conversa bem animada e poetante!
PERGUNTA: Como foi receber a notícia de que ganhaste os três primeiros lugares na categoria de poesia e o terceiro lugar na categoria de música?
Pe. MARCIONEI: Sem dúvida foi muito emocionante. Fiquei surpreso, pois sei que há muitos poetas no meio da juventude com um jeito todo especial para comunicar de maneira poética a vida que pulsa no fazer pastoral. No que dia recebi a notícia meus pais e alguns de meus irmãos estavam me visitando no seminário. Imediantamente eu partilhei com eles a notícia. Depois enviei para mais alguns amigos e ao provincial o resultado. A reação foi rápida. A primeira a me escrever foi a Paula, que estava no Maranhão representando a PJ Nacional e acompanhou os resultados ao vivo. Eis a mensagem: "Parabéns mesmo! Padre Marcionei tá de parabéns! RS ganhou as duas categorias tanto poesia como música. Padre Marcionei Estou com teus certificados, assim que chegar em Caxias lhe entrego. Forte abraço"
Logo em seguida outras pessoas me escreveram e me incentivaram para continuar nessa missão com a juventude. Fui chamado até de “poeta da juventude” por Dom Celmo Lazzari. De Roma me escreveu o Pe. Mário Aldegani, padre geral dos josefinos de Murialdo dizendo-me: "PARABENS!!!!!! Ho saputo del bellissimo risultato che hai avuto nelle poesie per i giovani nel concorso nazionale e anche nella musica. Sono orgoglioso di avere dato anche io il mio voto e sono orgoglioso avere un confratello e amico così pieno di vita buona e di entusiasmo. Ti benedico con grande affetto. d. Mario A."
O Pe. Raimundo, provincial (coordenador/presidente do Instituto Leonardo Murialdo no Brasil), escreveu-me dizendo que iria publicar a notícia para todas as pessoas que ele conhecia: "Caros confrades e amigos! Com alegria, informo que o nosso confrade, Pe. Marcionei Miguel da Silva, participou do concorrido Festival Nacional de Música e Poesia da Pastoral da Juventude. O evento teve diversas etapas e aconteceu ao longo do ano de 2010. Nestes dias foi divulgada a classificação geral e o Pe. Marcionei obteve os três primeiros lugares nos poemas e o terceiro na música. Confira anexo o título das músicas. No site da província:josefinosdemurialdo. com.br - no link "setor juventude" - à esquerda, pode-se ouvir a apresentação das poesias e da música. Vale a pena conferir. Parabéns a o nosso confrade! Pe.Pauletti"O Pe. Joacir, diretor do Colégio Murialdo de Caxias do Sul (Centro), a quem eu mostrei as poesias e a música antes de enviar ao pessoal da PJ, uma vez que a cantora Andrieli Bálico que interpretou a música “Herdeiros do Amor” é aluna desse colégio, escreveu-me o seguinte: "Nossos cumprimentos ao grande Pe. Marcionei. Parabéns. O cara merece mesmo. As poesias são d+.Abraços."
Dom Celmo Lazzari, bispo do Vicariato Apostólico do Napo, Equador (região missionária onde há muitos pobres – a maioria são indígenas) foi um grande líder na pastoral da juventude durante toda a sua vida, em especial no Brasil quando trabalhava na formação e na Pastoral da Juventude. Dom Celmo também foi provincial dos josefinos de Murialdo e Vigário Geral em Roma. Escreveu-me o seguinte: "Caro Marcionei,
1- Entrevista com o Frei Renato Zanola no Programa Clube da Esperança2- Publicação no site da PJ do RS (matéria escrita por Lucas Guarnieri).
Dom Celmo Lazzari, bispo do Vicariato Apostólico do Napo, Equador (região missionária onde há muitos pobres – a maioria são indígenas) foi um grande líder na pastoral da juventude durante toda a sua vida, em especial no Brasil quando trabalhava na formação e na Pastoral da Juventude. Dom Celmo também foi provincial dos josefinos de Murialdo e Vigário Geral em Roma. Escreveu-me o seguinte: "Caro Marcionei,
Parabéns pelo grande sucesso como poeta da Juventude! Quase
arrematavas todos os prêmios!
Deus continue iluminando-te!
Um abraço
Dom Celmo"
Pe. Geraldo Boniatti, que sempre me incentivou em meus trabalhos (também foi provincial dos josefinos e atualmente é o diretor do Colégio de Ana Rech) escreveu-me o seguinte: "Marcionei! Tomei conhecimento de tua premiação em poesia e música junto à PJ do Brasil. Parabéns. Que de fato sirva para a libertação do
protagonismo dos jovens.
Pe. Geraldo Boniatti."Além dessas pessoas, destaco mais duas informações midiáticas:1- Entrevista com o Frei Renato Zanola no Programa Clube da Esperança2- Publicação no site da PJ do RS (matéria escrita por Lucas Guarnieri).
Partilhei esses emails para lhe dizer que o nosso trabalho está sendo valorizado por pessoas do mundo inteiro (ao menos onde estão alguns josefinos de Murialdo com função de liderança). Os poemas em si tornam-se relevantes por causa da temática que abraça. Posso lhe dizer que sem a prática não existiriam poemas, não haveria conscientização e nem sensibilização para a realidade mais nobre de nossa terra: o dom da vida. Que a juventude cresça e eu diminua. Eu sonho ver nossa juventude pensando na vida de maneira positiva, alegre, comprometida e esperançosa. É muito importante a dimensão da vida espiritual, estudo sério, trabalho responsável e pastoral dialogante, organizada e sonhadora. Queremos uma Igreja que seja bonita, alegre, dançante, reflexiva, romeira e acima de tudo acolhedora e misericordiosa. “Estamos nas mãos de Deus, estamos em boas mãos” São Leonardo Murialdo.
PERGUNTA: O tema do Festival foi em torno da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens, organizada pelas Pastorais da Juventude do Brasil. Como foi o processo de elaboração das poesias e da música?
Pe. MARCIONEI: O pessoal da coordenação do Festival me pediu para fazer um vídeo. Vou deixar à disposição esse vídeo para que vocês possam ter uma idéia de como foi o processo de construção dos poemas e da música. Vou manter o suspense. Se vocês tiverem tempo, dêem uma olhada. Por outro lado, escrevi alguma coisa ao longo. Confira.
O tema da Campanha Nacional Contra o Extermínio de jovens me tocou profundamente. A palavra “extermínio” soava de forma muito agressiva em meu coração. Quase que eu não suportava esse “soco no estômago”. Será possível que os nossos jovens estão mesmo sendo exterminados? Desde o tempo da Casa da Juventude Murialdo, em Caxias do Sul, comecei a trabalhar com a Juventude de Caxias do Sul (trabalho com a juventude desde sempre – desde os 15 anos). A Paula e a Pâmela (gêmeas simpáticas e bem conhecidas de todos) iniciaram seu processo de participação na PJ na Escola Bíblica. Nessa ocasião tínhamos um belo grupo na coordenação (Pe. Gabriel, Ir. Carla, Ir. Maitê e eu – para falar dos religiosos). De lá pra cá os jovens que fizeram a escola Bíblica se engajaram pra valer em todos os eventos da Diocese. No ano passado as gêmeas, que estavam por dentro de tudo, me falaram do Festival nacional, pois sabiam que eu gostava de música e poesia e estava interessado nessa Campanha contra o Extermínio de Jovens. Numa ocasião, no dia sete de setembro do ano passado, fui à Porto Alegre e participei do Grito dos Excluídos em nível Estadual. Aquela caminhada, os cantos, os velhos companheiros tocando no caminhão de som (Beto), as faixas, os refrões dos nossos hinos da Pastoral da Juventude começaram a romper o meu silêncio. Percebi que os jovens estavam fazendo toda aquela caminhada com as próprias pernas e sozinhos. De repente eu vi a Paula no caminhão de som representando a PJ do RS, vi a Pâmela fazendo teatro com a Micaela, vi a Silvana feliz circulando nas praças, me dei conta das religiosas e dos religiosos e muitos rostos de jovens corajosos com camisetas, faixas e teimosia no coração deixando seu recado. O grande desfile Oficial do sete de setembro não nos intimidava. Pensava comigo: e eu, o que estou fazendo? Sem dúvida eu poderia contribuir mais. Por essa razão comecei a me dar conta de que os jovens são a poesia viva e seus teatros e suas músicas a expressão mais pura e verdadeira de que o amor de outrora continua valendo ainda hoje (são 30 anos e PJ organizada). Por essa razão eles são “Herdeiros do Amor”. Assim sendo, não podem ser exterminados. Ao pensar nisso “uma lágrima de esperança” corria secretamente no canto de meus olhos para não ser notada por curiosos desavisados. Entre os “Herdeiros do amor” e a “lágrima de esperança” a gente faz uma “percussão” bem “latino-americana”. Tudo estava tão vivo em meu peito, que eu não pude deixar para o dia seguinte a construção dessas poesias. Tudo foi na noite do sete de setembro, na mesma inspiração. Terminei uma poesia e comecei outra. A poesia não foi criação inspirada no eco de uma realidade que os jovens deram vida com seus rostos, seus corpos, suas vozes e seus sentimentos. A poesia é um momento segundo, por isso é expressão de um acontecimento que se fez história. Acredito que continuarei fazendo música e poesia e outros textos mais, porque meus olhos vão estar sempre cheios de juventude.
http://www.youtube.com/watch? v=cyUkUJRcbLk (depoimento de Marcionei sobre os poemas e a música) Ver poemas e músicas também.
PERGUNTA: De que forma tu relacionas a arte com sua caminhada pastoral?
Pe. MARCIONEI: Não há possibilidade de criação e inspiração se nos faltar a mística, a espiritualidade, o silêncio, o estudo, o trabalho e a disponibilidade. A pastoral precisa ser dinâmica, criativa, interativa, orante e engajada na sociedade nas suas mais diferentes instâncias. Quem se preocupa com a arte tem um olhar estético sobre a realidade. Arte é a capacidade de ver a beleza da realidade que nos é dada de presente na calada das madrugadas. Fazer arte é mergulhar na alma do ser humano, ver o mundo por dentro e escutar o Invisível. O poeta foge da lógica matemática, em certo sentido, uma vez que seus versos são a expressão de seus sentimentos no momento da percepção da realidade. Todo poeta é filósofo desde o seu olhar e teólogo quando se deixa conduzir pela Palavra de Deus. Não consigo separar a arte da hospitalidade, da gratuidade em nossos abraços, do amor em nossas utopias sedentas de profetas e de nosso entusiasmo movido pela esperança. Às vezes precisamos ser realistas em nossos versos, quase tristes, para que as verdades sejam sentidas na textura da própria pele; outras vezes precisamos ser enigmáticos, comunicativos, misteriosos e persuasivos – quase teimosos – para sermos ouvidos. A linguagem da poesia é vida vivida, história sentida, página a ser decifrada, filosofia itinerante e teologia trinitária iluminada pela luz do amor. Poesia é ampliação de um sentimento que o mundo costuma não enxergar. O poeta vê o mundo dos pobres, sente a dor dos cacos de vidro cortando seus pés e não se sente solitário quando os aplausos não chegam. Seu olhar não são pra si, mas para o outro. Quando um poeta é reconhecido, não é a ele que se dirigem os aplausos, mas à sua obra. No meu caso escrevi sobre Latino-Americano, Percussão, Lágrima de Esperança e Herdeiros do Amor. Quando lemos esses poemas não enxergamos o poeta, mas a alma que canta em seu peito e sorri pelas estradas. Gosto da expressão “Herdeiros do Amor”, porque sinto nessa frase o transbordamento da voz bondosa de Deus sobre nossos corações. Se Deus quis ser poeta, porque não podemos nos esforçar para sermos parecidos com Ele? Cada Parábola contada por Jesus é um rio de poesia que nos inspira para a vida em plenitude. Se a poesia nos faz cantar o amor de Deus, deixemos os refrões transcreve nossa inspiração.
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